letralivre – ano 2 – nº 19 – 1998

letralivre, um tanto de História

A Revista de Cultura Libertária, Arte e Literatura letralivre foi publicada em papel por Robson Achiamé durante 14 anos (1994 a 2009), desde o modesto, criativo e esperançoso número 1 (16 páginas), até o vigoroso, generoso e fundamentalmente contemporâneo número 50, com 148 páginas, contando-se as quatro capas e as 64 do Dossiê Palestina. Elegia épica àquela que foi sua obra mais amada e que, talvez, tenha aberto e ainda abra mais mentes e caminhos, pois continua circulando por sebos e livrarias físicas e virtuais e sites libertários, aos quais se soma o IEL, iniciando a veiculação da coleção completa.

IEL e letralivre têm relações estreitas. Dois de nossos membros integravam o Conselho Editorial da revista, Alexandre Samis, desde o número 1, e Luiz Alberto Sanz (amigo de juventude de Robson) desde o 32 (2001). Nada mais justo que o homenagearmos, coerentes com nosso objetivo de formar e informar “toda e qualquer pessoa interessada nas ideias anarquistas” e “disseminar e divulgar, sem restrição ou exclusividade de corrente, o patrimônio simbólico, prático e teórico do anarquismo”, oferecendo o acesso à revista cujo propósito, anunciado no primeiro “Papo Livre”, é: “abrir um espaço para a palavra em liberdade. Ao reunir em suas páginas pessoas de espírito libertário, o nosso objetivo é ampliar a nossa liberdade de expressão”.

Vale a pena também lembrar que, ao lado de Robson, nesse início de jornada estava aquele que nosso camarada considerava o melhor redator com quem trabalhou, Aloísio Cesário. Poeta, escritor, jornalista, militante das causas dos oprimidos, o negro AC, disse-me Robson, era o heterônimo de um intelectual orgânico do povo brasileiro, que em um dia de 1997, fechado o número 17, deixou a redação para tomar outros rumos. Robson não falava muito sobre isso. Creio que não sabia. Curiosamente, um conto (“Entre dois mundos”, 2000) e dois romances (“O primeiro dia do ano da peste”, 2001, e “Não adianta morrer”, 2017) de Francisco Maciel têm como protagonista um militante, poeta e escritor, chamado AC por conta de seu nome: Aloísio Cesário. Será pura coincidência? Quem souber a resposta, nos avise, por favor.

Ainda há um tantão de histórias a serem contadas sobre letralivre e Robson Achiamé. Ambos estão vivos, seja na nossas memórias ou nas páginas que publicaram. Mas este número 1 indica a rota que a revista seguiu e que pode ser acompanhada a cada edição. Alexandre Samis, por exemplo, escrevia:

(…) pensamento político que não acompanha o desdobramento das realidades acaba por ser esmagado por elas. Entretanto, acreditamos que toda a realidade é construída e, por isso mesmo, passível de mudanças. É observando as flutuações sociais e os grupos de pressão que nós, anarquistas, pretendemos oferecer alternativas concretas às aspirações legítimas de liberdade do indivíduo em seu meio coletivo.”

E Mário Quintana nos chamava a atenção:

O operário brasileiro é duplamente explorado: pelo patrão e pelos poetas engajados”.

Até sempre, Robson Achiamé!

Luiz Alberto Sanz

Em memória de
Robson Achiamé,
editor anarquista

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