Instituto de Estudos Libertários entrevista Diego Carvalho

Janeiro de 2024

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Quem é Diego Carvalho?

Conjunto de células com 34 anos de anos vividos, artista autônomo desde 2008 (músico, malabarista, artesão, zinero, escritor), ativista em okupas desde 2010, tenho um filho e tenho escrito um livro, desde 2016, sobre o Anarquismo, em uma ótica consciencial e espiritualista universalista.

Quando e como conheceu o anarquismo?

Em 2005 já estava entre rodas de conversa na escola, onde com 16 anos eu discorria sobre uma sociedade melhor, e criticava todos os meios de controle, como igreja, escola, relacionamentos e a indústria cultural.

Você se identifica mais especificamente com alguma corrente histórica do anarquismo?

Não, me identifico com algumas mais de forma sintetista, mas as principais que me ocorrem são : anarquismo individualista, anarquismo coletivista e anarquismo espiritualista.

Como se caracteriza a sua militância?

Disseminação do ideal através de meios de comunicação como internet e a minha escrita, ocupação de espaços ociosos e abandonados para criação de espaços culturais onde se fomente a cultura por meio da Arte autônoma, ciência nômade e filosofia libertária, com o intuito de formar rizomas conectados espontaneamente por pessoas nômades, autônomas e libertárias, entendendo a vida como algo não controlável, mas sim fluido em conexões oportunas. Em resumo, projeto na realidade um projeto, coletivo e conceito filosófico chamado “Rizoma Kairós”.

Como você definiria o campo libertário hoje em São Paulo?

Eu sou nascido no estado do Rio de Janeiro, mas já estive em São paulo muitas vezes, porém não tenho uma noção geral do Anarquismo em SP. Passei pelo Ouvidor, Okupei o Americo Brasilience com alguns Punks do ABC, Okupei casas para passar e confraternizar com os camaradas, me conectei a espaços em Campinas que já não devem existir mais. Geralmente crio ou passo por Zonas Autônomas Temporárias, okupando espaços públicos ou casas. São Paulo sempre foi acolhedor a mim, mas o contexto geral da pergunta não posso responder.

Quais espaços e grupos você frequentou nos último tempos?

Aqui onde moro, os espaços que frequento são ZAT onde okupo calçadas, semáforos, gramados e praças, onde me reúno com outros autônomos, para nossa autonomia e partilha. O Espaço que tínhamos recentemente foi uma ZAT que era o espaço físico do Núcleo de Estudos Anarquistas Rizoma Kairós, onde tínhamos a pretensão de autogerir uma cooperativa de artes autônomas, dando oficinas e realizando estudos com biblioteca e cinedebate.

Tem preferência por algum clássico do anarquismo?

“Fascismo: filho dileto da Igreja e do Capital” (Maria Lacerda de Moura);”Deus e o Estado” (Mikail Bakunin); “O indivíduo, a sociedade e o estado” (Emma Goldman).

Como anarquista, qual é a sua visão da atual conjuntura política?

Institucional? um mal incorrigível, onde os indivíduos sociais estão em uma ignorantização massiva desde o início dos tempos e onde poucos que tem boa fé entram com um sabonete em um esgoto. De forma geral é isso, mas se quer uma visão pontual sobre a atualidade: Lula é considerado atual presidente, e a esquerda no poder amansa e a direita revolta… não há uma preferência, mas é lamentável que as palavras convençam e as ações governamentais não estejam de acordo com essas palavras por conta do Estado, que longe de ser o Governo, é a associação de patrões para mandos internacionais. O Governo governa não para o povo, mas em primeiro lugar, para as multinacionais, o mercado. Assim a política (o Acordo entre indivíduos para melhoria da convivência e suprimento das necessidades) não existe nos meios institucionais convencionais, pois não é feita horizontalmente.

Existe esperança para a realização da revolução libertária nos tempos que vivemos?

A única revolução possível é a do Indivíduo, que se associa livremente e cria espaços libertários para a emancipação de cada ponto da existência que necessite de emancipação, e gradativamente isso se realizaria como revolução cultural. A revolução armada é um tiro no pé e, no lugar de emancipar, apenas traumatiza almas.

Suas considerações finais.

Compreendo o Anarquismo como revolução do Indivíduo, pois esse é o único, (falo de cada indivíduo) e, por sua vez, no processo de emancipação se associa livremente, forma coletivos, autogere espaços, partilha conhecimento e meios de produção, constrói comunidades ou passa por elas para dar assistência e se solidarizar, assim como propõe e participa de vivências, formando aos poucos uma rede descentralizada e não hierárquica, que como invisibilidade, tem sua potência de ação num processo de expansão até que isso seja visível como cultura de libertação. Para mim, é aquilo que é possível, em vários níveis de realidade.

A presente entrevista foi organizada pelo nosso colaborador Renato Canova.

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